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O botão de pausa que pode salvar sua vida 🛑

Por um longo período na minha vida eu não sabia que eu tinha um desses botões. Então, eu li sobre ele e eu tentei, mas pareceu não funcionar.

Agora, depois de alguns anos de prática, de vez em quando ele funciona. Eu consigo visualizar uma vida mais calma e feliz, então eu quero mais.

Quando eu percebi que eu precisava

Há mais de 10 anos eu estava levando meu filho mais novo para um compromisso. Eu estava atrasado. Eu não queria ir mas eu precisava ir. Eu já tinha pago caro e estava chateado.

Eu parei o carro na entrada do local e disse “eu estarei aqui”. Eu precisava estacionar o carro. Tinha trânsito e nenhum lugar para estacionar. Eu olhei para o relógio. Eu estava com raiva. Eu vi uma vaga, mas outra pessoa a ocupou. Eu comecei a sentir que eu estava fervendo por dentro. Eu virei no local errado.

Frustrado, eu soquei o volante. A buzina começo a tocar sem parar e com um volume alto. Eu tentei, freneticamente, fazê-la parar. Eu estava dirigindo pelo bairro Upper East Side em Manhattan com uma buzina tocando e ao mesmo tempo furioso, frustrado e com vergonha.

Algo precisava mudar.

O botão de pausa

O que aconteceu não era novo e essas explosões não eram limitadas ao período que eu estava dirigindo. Era um padrão. Algum acontecimento acionava o gatilho da resposta emocional e, em seguida, vinham pensamentos negativos que pioravam minha reação e eu perdia o controle.

O botão de pausa autoriza você perceber antes da reação inicial.

“Se você perceber antes do seu surgimento, quando é apenas uma faísca, um sentimento de aquecimento, é trabalhável”.

Essa é uma citação retirada do livro de Pema Chodron, Taking the Leap: FreeingOurselves from Old Habits and Fears. Nele a autora descreve o que fazer em três simples passos:

1. Reconheça que você foi fisgado.

2. Pare, dê três respiradas conscientes e examine o que você está sentindo.

3. Relaxe e siga em frente.

Quando nós somos fisgados (Pema usa a palavra Tibetana shenpa), as partes antigas do nosso cérebro liberam uma série de reações bioquímicas primitivas. A pausa nos ajuda no engajar nosso mais recente e evoluído córtex pré-frontral para que a nós possamos interromper a cadeia de reações, desacelerando para pensar e planejar.

“Quando paramos e respiramos..., nós podemos antever onde a fisgada irá nos levar.”.

Onze anos depois

Estou dirigindo com minha filha. Está nevando forte e nós estamos na metade de uma viagem de 5 horas. Apesar de estarmos usando um sistema de navegação, perdemos uma saída. Eu achei que poderíamos pegar a próxima saída e voltar, mas o Google Mapas nos informa que a próxima saída está 28 milhas distante. Deve ter algum erro.

Eu estou cansado e me irritei por ter perdido a saída. Com certeza outra aparecerá adiante, mas fica claro que este não é o caso. Eu não acredito que eu cometi esse erro que irá nos custar o adicional de uma hora naquele clima horrível! Eu quero acelerar e recompensar o tempo perdido. Eu penso em fazer um retorno ilegal. Eu aperto o volante o mais forte que eu consigo, sentindo raiva e frustração. Eu fui fisgado.

E eu paro.

É difícil interromper minhas emoções, mas eu dou algumas respiradas profundas e conscientes. Eu tento pensar. Isso é realmente ruim? Ficar com raiva por causa da distância vai melhorar as coisas? É difícil dirigir com sua filha no carro. Melhor ser cuidadoso e não piorar as coisas.

Muito devagar eu começo a me acalmar. Eu paro de me repreender e foco na direção. Quando achamos a saída e voltamos para a direção certa, eu e minha filha começamos a brincar com isso, contando os minutos. Ela brinca de ser DJ e escolhe umas músicas para gente. Até rimos do nosso erro.

A prática

Na década que transcorreu desde a primeira história do carro, eu li muitos livros que tratavam do botão de pausa e todos eles eram muito parecidos.

Eu cito particularmente o livro da Pema Chodron porque ela relata suas próprias histórias e oferece um gentil encorajamento. A escrita dela me fez entender que o botão de pausa é mais uma prática do que um botão. É preciso se esforçar. Você faz um progresso gradual e alguns retrocessos. Você precisa continuar trabalhando nisso.

Perder a vaga de estacionamento e saídas são exemplos triviais. Mas para mim o progresso que eu tenho lidando com eles me dá a confiança de que eu posso fazer mais.

“Ao‘tolerar pequenos cuidados’, com pequenos aborrecimentos, quando a shenpa é leve,‘treinamos a nós mesmos para trabalhar com grandes adversidades’”.

Você não tem que esperar até estar fisgado. Você pode praticar apertar o botão de pausa ao longo do dia - caminhando para o trabalho, lavando a louça, comendo. Passei a pensar nisso como uma forma de me treinar.

“Pontue sua vida com esses momentos”, escreve Pema. “Se mantivermos o senso de humor e persistirmos nele por muito tempo, a capacidade de estar presente evolui naturalmente. Gradualmente, perdemos nosso apetite por morder o anzol.”

Texto original em inglês por John Stepper em 05/03/2016: 

https://workingoutloud.com/blog/the-pause-button-that-could-save-your-life

Texto traduzido e adaptado ao Português por Fernanda Loures para a Comunidade Working Out Loud Brasil / WOLonlineBR

 

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