Ele cresceu em um subúrbio de Atlanta, estudou história na Universidade da Geórgia e conseguiu seu primeiro emprego como corretor de títulos em Chicago em 2006. Alguns anos depois, após a crise financeira, ele foi demitido. Sem muito dinheiro e com poucas perspectivas de conseguir outro emprego na área financeira na época, ele decidiu tentar algo diferente.
Seu nome é Brandon Stanton, e o que ele fez a seguir é um exemplo de como eu gostaria de abordar o trabalho e a vida.

Uma
meta de melhorar em algo
Antes
de perder o emprego, ele havia comprado uma bela câmera e gostava de tirar
fotos enquanto caminhava por Chicago, então decidiu que seu objetivo seria
praticar seu hobby enquanto viajava pelos Estados Unidos. Como muitos milhares
de pessoas interessadas em fotografia, a primeira ideia de Brandon foi criar um
blog de fotos baseado em suas viagens por diferentes cidades:
“Minha primeira parada foi em Nova Orleans, depois em Pittsburgh e na Filadélfia. Cada vez que eu chegava em uma nova cidade, me perdia nas ruas e fotografava tudo que parecia interessante, tirando quase mil fotos todos os dias. Após cada dia de filmagem, eu selecionava trinta ou quarenta das minhas fotos favoritas e as postava no Facebook. Nomeei os álbuns de acordo com minha primeira impressão de cada cidade. Pittsburgh era Pontes de Aço Amarelo. Filadélfia era Tijolos e Bandeiras. Eu não tinha grandes ambições na época. Tudo o que eu tinha era uma ideia vaga e ingênua de ganhar a vida vendendo cópias de minhas melhores fotos. Nesse ínterim, só estava postando para minha família e amigos aproveitarem.”
Ele teve outras ideias também, incluindo inserir dez mil fotos de ruas em um mapa interativo para criar um censo fotográfico da cidade. Mas foi apenas fazendo o trabalho, postando publicamente no Facebook e recebendo feedback que ele começou a tentar outras coisas. Junto com as cenas habituais da cidade, ele começou a tirar espontâneamente fotos de rua. Quando as fotos tinham uma resposta positiva, ele contatava seus personagens, os entrevistava e incluia trechos da conversa em cada foto.
Quando ele chegou a Nova York em agosto de 2010, quase todas as suas fotos eram de pessoas. Ele criou um novo álbum no Facebook e depois outro. Ele decidiu chamar esses álbuns de “Humans of New York”. Ele nunca teve a intenção de ficar em Nova York, mas no final do verão, após uma curta viagem a Chicago para pegar suas coisas, ele se mudou de volta para Nova York para sempre.
Descoberta proposital
O
objetivo de Brandon continuou evoluindo. Sem nenhum treinamento formal em
fotografia, ele gradualmente aprendeu a tirar fotos melhores e também a abordar
as pessoas. (“No início, as rejeições doem”, disse ele.) No início de 2012, o
que começou como simples álbuns de fotos online atraiu trinta mil curtidas. Em
abril daquele ano, eram 60 mil, e outras pessoas começaram a copiar seu
trabalho, criando Humans of Copenhagen, Humans of Tel Aviv e mais. Esses grupos
ajudaram a divulgar mais Brandon e seu trabalho. No outono de 2013, o número de
fãs no Facebook disparou para mais de um milhão de pessoas.
Brandon continuou tirando fotos, mas agora outras coisas se tornaram possíveis, incluindo o lançamento de um livro, uma “coleção inspiradora de fotos e histórias que capturam o espírito de uma cidade”, que se tornou o best-seller número um do New York Times. Ele foi nomeado para "30 Under 30" da revista Time, atraindo ainda mais atenção e abrindo mais possibilidades. Brandon refletiu sobre como ele foi capaz de mudar sua vida de uma forma que não era possível antes:
"Humans of New York é uma história incrível, e é uma história que não poderia ter acontecido dez anos atrás. Sem a mídia social, provavelmente eu seria apenas um fotógrafo amador peculiar com um disco rígido cheio de fotos. Eu estaria ligando para publicações respeitadas, implorando por um artigo. Eu já poderia ter desistido. Em vez disso, descobri um público diário de quase um milhão de pessoas. Ou devo dizer que eles me descobriram.”
Indo bem e fazendo o bem
Com o
sucesso que estava experimentando, o objetivo de Brandon mudou novamente. Ele
estava começando a ganhar dinheiro e decidiu logo, doar parte dele, para tentar
fazer mais com suas fotos do que ele havia considerado possível antes. Ele
descreveu sua ação em uma entrevista online em 2013:
“Eu não quero "sacar" ou "monetizar" HONY [Humanos de Nova York]. Gosto de dizer isso publicamente porque quero que meu público me mantenha em minha missão. As vendas de impressos HONY arrecadaram quase US$ 500.000 para caridade nos últimos seis meses. Quero monetizar ainda mais o site para empreendimentos sem fins lucrativos. Sinceramente, quero “dar” HONY a Nova York de alguma forma.”
Brandon completou trinta e um anos recentemente. Sua página no Facebook tem mais de treze milhões de seguidores, e há milhões de seguidores em outras plataformas também. Seu terceiro livro será lançado ainda este ano. No verão de 2014, ele fez uma turnê mundial de cinquenta dias por doze países patrocinada pelas Nações Unidas, que incluía Irã, Iraque, Ucrânia, Quênia e Sudão do Sul. Por que ir a esses lugares? “O trabalho tem um efeito muito humanizador em lugares que são incompreendidos ou temidos.” Seu propósito mudou mais uma vez, e seus fãs perceberam isso, como expresso em um comentário sobre uma foto de quatro mulheres no Iraque: “Você está mudando o mundo, uma entrevista por vez. Estou muito agradecido."
Um caminho para uma vida boa
Eu
sou diferente de Brandon em muitos aspectos. Sou muito mais velho, tenho cinco
filhos e trabalho em uma grande empresa global. Mas posso seguir um caminho
semelhante para descobrir o significado e a realização.
Brandon tornou seu trabalho visível, e o feedback sobre ele o ajudou a ficar melhor, ao mesmo tempo que o ajudou a desenvolver sua rede. Ele foi generoso com seu trabalho, publicando-o livremente, e também generoso com o resultado final desse trabalho. É importante ressaltar que ele usou seu objetivo inicial como um passo para explorar uma gama de possibilidades que podem ser mais significativas e gratificantes. Como resultado dessa exploração, em pouco mais de três anos, ele mudou fundamentalmente sua carreira e vida - de corretor de títulos desempregado a amado fotógrafo, autor e filantropo.
Esse é o tipo de caminho que desejo seguir. Vamos ver para onde vai.
Texto original em inglês por John Stepper em 16/05/2015:
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